Quando eu tinha oito anos de idade, meu mundo desmoronou. Antes disso, nada me faltava. Nossa família era próspera e a vida era feliz. Mas, na véspera de Natal, quando eu tinha oito anos, um policial veio à nossa porta, prendeu meu pai e o levou embora.
De repente tudo mudou. A segurança foi embora. Minha mãe, uma mulher trabalhadora que sempre havia ficado em casa com seus filhos, foi forçada a entrar no mercado de trabalho. Alguns dos meus irmãos mais velhos eram casados, então eu ficava com o meu irmão mais novo e com uma irmã um pouco mais velha do que eu. Desde então, não havia muita direção ou autoridade na minha vida. Eu fazia o que queria, comia o que queria, e ia a lugares onde não deveria de ter ido. Ao chegar aos meus dez anos, eu já era uma criança de rua. Eu tinha uma casa e um lugar para dormir, porém eu raramente dormia na minha cama. Geralmente, eu escapava pela janela e passava a noite na rua, pois eu era muito solitária. Basicamente, eu criei a mim mesma e, com certeza, não realizei um bom trabalho.
Não demorou muito, me envolvi com drogas, e aos meus onze anos de idade, eu já usava alucinógenos regularmente. Eu ia às festas todos os finais de semana. Eu tinha muitos amigos por causa do meu acesso às drogas e as conseguia para poder ser aceita por eles.
Minhas notas eram horríveis. Eu não me importava nem um pouco se eu ia bem ou não na escola, e não havia ninguém na minha casa para incentivar-me a estudar. Assistentes sociais supostamente deveriam ter me ajudado a endireitar a vida, mas eles podiam fazer muito pouco por mim, pois o problema estava em meu coração. Eu era extremamente deprimida. Eu sofria de uma indisposição física e de um stress mental, e me levavam a muitos médicos. Eles me receitavam remédios, mas eu ainda não podia enfrentar a realidade naqueles tempos, porque minha vida era muito infeliz.
Numa noite, minha rebeldia quase provocou um desastre. Eu estava bem longe da minha casa, no deserto, com pessoas que poderiam me prejudicar. Eram duas ou três da manhã, e eu não tinha a menor idéia de como iria voltar para minha casa. Mesmo que eu fosse uma criança bem confusa, cheia de amargura e ódio no meu coração, eu me lembro de haver olhado para céus e clamado a Deus: “Se o Senhor é real e o Senhor me criou com um propósito, faça alguma coisa por mim!” Poderia parecer estranho que uma criança como eu iria orar, mas eu senti que havia um Deus. Nada aconteceu naquele minuto, mas Deus me ajudou a voltar para casa em segurança. Quando cheguei em minha casa, decidi que não queria mais ter envolvimento com as drogas. Percebi que poderia ter perdido a minha vida naquela noite, e eu estava agradecida a Deus por ter me ajudado a chegar em casa. Não demorou muito até que Deus começou a responder aquele choro que vinha do meu coração. Alguns parentes vieram nos visitar. Meu pai já havia saído da prisão, então tanto meu pai quanto minha mãe estavam presentes quando este casal veio à nossa casa. Nossos visitantes nos contaram o que Deus havia feito por eles. Permaneci ali, ouvindo-os, e estava impressionada ao ver o quanto eles amavam um ao outro. Eles possuiam tanta alegria, e neles havia um brilho quando falavam de Jesus. Quando eles se foram, meus pais concluíram que eles haviam caído no fanatismo, porque a mulher havia falado sobre ser curada. No entanto, apesar de meus pais rejeitarem o que eles disseram, eu acreditei.
Por algum motivo, esses parentes tiveram um interesse por mim e pelo meu irmão, que eu nunca esquecerei o amor que eles demonstraram por nós. De vez em quando, eles dirigiam através das montanhas, e nos levavam até a Igreja da Fé Apostólica em Los Angeles, California – Estados Unidos. Se minha mãe soubesse do resultado daquelas visitas, eu não creio que ela tivesse permitido que eu fosse. Porém, a misericórdia de Deus estava me alcançando. Eu queria tanto ser como essa mulher e queria ser amada assim como ela e seu marido amavam-se um ao outro.
Então, o Senhor me permitiu ir à cidade de Medford, para visitar meus irmãos que recentemente haviam sido salvos na Igreja da Fé Apostólica. Eu fui a uma, ou talvez duas, reuniões em Medford. Não me lembro bem dos sermões, mas com certeza me lembro de haver sentido o Espírito de Deus. Algumas das senhoras vieram para me dar as boas vindas, e pude ver amor nos seus olhos. Elas não mostraram nem um pouco de criticismo em relação a minha aparência, mesmo que eu estivesse vestindo uma mini-saia tão curta, que quase nem ficava no lugar. Estava usando um cinturão de couro de dez centímetros de largura, cravado com metal. Eu usava anéis em todos os dedos e alguns deles eram de aparência ofensiva. Mesmo tendo somente treze anos de idade, eu tinha um temperamento difícil. Eu era uma pessoa determinada e dava para se notar. Porém, essas pessoas se importavam verdadeiramente comigo.
Ao final do culto, minha irmã Lynn levou-me à frente do altar para orar. Eu nunca havia visto um altar de oração, mas eu havia aprendido que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Eu havia aprendido que Ele veio e morreu pelos meus pecados e que Ele me amava. De alguma maneira, eu percebi que isto era o que eu estava buscando - um meio para escapar das provas e tribulações que eu estava passando.
Quando fui ao altar, o meu coração estava cheio de amargura para com o meu pai. Orei até quase meia-noite, mas nunca derramei uma só lágrima, pois estava com meu coração muito endurecido. Eu só sabia que queria o que aquelas pessoas tinham. Ao aproximar-se da meia-noite, eu sabia que iria voltar à minha casa no dia seguinte e enfrentar a mesma infelicidade. Eu pensei, “ó Deus, eu não posso fazer isso!” Finalmente me levantei para ir embora. Então, meu irmão Steve se aproximou e me abraçou. Ele disse: “Rachel, você pode ser salva agora mesmo se você somente acreditar.” Naquele momento, eu deixei que aquela amargura saisse do meu coração. Eu disse: “Deus, o Senhor pode ter tudo. Não importa o que custe, eu servirei a Ti.” Eu disse isso ao caminhar para porta de trás, mas ali mesmo, o Senhor veio e fez uma mudança maravilhosa no meu coração. Eu nunca havia sentido tal poder na minha vida. Eu disse àqueles que estavam ao meu redor: “Ele me salvou! Agora mesmo, enquanto eu caminhava!” Prossegui adiante e saí do edifício, mas eu me sentia nas nuvens.
Quando voltei para minha casa no dia seguinte, a transformação ocorrida na minha vida ainda estava ali. Imediatamente percebi que eu não estava vestida apropriadamente. Ninguém me disse para tirar os meus anéis e a maquiagem, ou para mudar o meu modo de me vestir, mas de repente, minha consciência não me deixava mais tocar nessas coisas. Antes da minha conversão, eu era viciada em rock & roll. Eu tinha mais ou menos uns cem álbuns de rock pesado que eu e meus amigos ouvíamos quando nos drogávamos, mas o Senhor pôs no meu coração o desejo de destruir aqueles álbuns.
Meu boletim escolar logo mostrou a evidência da transformação na minha vida. Logo no primeiro ano após ter sido salva, eu estava na lista de honra. Eu me tornei a presidente da minha classe e até mesmo ganhei prêmios por haver feito trabalhos que se destacaram na escola. Essa não era a antiga Rachel.
Deus colocou no meu coração o desejo de honrar e obedecer aos meus pais, mesmo que eles fossem pessoas bem difíceis. Meu pai era um alcoólatra abusivo e algumas vezes eu chorava por causa das coisas que ocorriam - tal violências que eu não posso nem descrever - mas Deus me protegia. Numa noite, ao recolher-me ao meu quarto, meu pai me disse para fazer algo que eu não poderia fazer sem desagradar a Deus. Ele disse que se eu não o obedecesse ele iria me matar, e ele tinha uma arma nas suas mãos. Entretanto, ao olhar para o meu pai, uma paz inundou o meu ser. Eu disse: “Pai, vá em frente e puxe o gatilho. Eu irei diretamente para o Céu, e é lá que eu realmente quero estar. E você irá para o Inferno.” Ele me olhou com horror no seu rosto. Então, ele abaixou a arma e saiu do quarto. Ele nunca mais tentou me persuadir para fazer algo que fosse contra a minha consciência. E por oito anos Deus me guardou naquele ambiente hostil.
Não me foi possível assistir as reuniões da Igreja da Fé Apostólica regularmente, mas eu tive o privilégio de ir as suas reuniões anuais dos acampamentos em Portland, Oregon - Estados Unidos. Depois dessas visitas, eu voltava para casa sentindo-me fortalecida para seguir adiante. O Senhor me manteve salva porque eu queria continuar salva.
Desde então, Deus tem sido o meu melhor Amigo através desses anos. Quão grata eu sou por Ele ter me encontrado quando eu estava destituida e suja pelo pecado e por Ele ter me limpado. Ele me mudou por dentro e por fora, e me chamou de Sua filha. Hoje sou uma filha do Rei! Espero com alegria o dia em que for para o Céu e posso dizer que é maravilhoso ser Cristã.
Rachel Hall é membra da Igreja da Fé Apostólica em Medford, Oregon, Estados Unidos.